O futebol no Brasil contém ingredientes que seguramente compõem o DNA do nosso país. Os dramas, alegrias, ídolos, histórias e principalmente seu impacto social são parte dos traços culturais do povo brasileiro.
Segundo o antropólogo Roberto da Matta, uma das pessoas que mais estudou esse fenômeno, o futebol tem um papel fundamental na vida dos brasileiros e na construção de sua identidade. Para Da Matta, a força do futebol no Brasil está associada entre tantos aspectos a sua dramatização. Um exemplo é a real possibilidade de em um país com tamanhas desigualdades, fazer com que pessoas menos favorecidas possam ter uma alegria verdadeira, uma vitória no futebol.
As pesquisas comprovam que o futebol é a grande paixão dos brasileiros, expressadas em geral pelo amor aos seus clubes. Mais de 70% dos brasileiros com mais de 16 anos tem um clube de futebol. Os 15 times de maior torcida representam mais de 95% de todos os torcedores do Brasil.
Em época de Copa do Mundo, os jogos da seleção mostram todo esse interesse. As audiências enormes no Brasil colocam o país como o segundo maior mercado de TV do mundo para a FIFA. Na última Copa do Mundo os brasileiros geraram audiência acumulada de 165 milhões de pessoas, ficando atrás apenas da China com 252 milhões de telespectadores.
Esses dados e reflexões apenas demonstram o grande potencial que temos. Por outro lado, as famílias brasileiras gastam R$ 3 trilhões por ano no Brasil. Os clubes brasileiros somados geram somente R$ 4 bilhões. Deste total 70 % vem de contratos de TV, patrocínios e transferências de jogadores. De todo o volume de dinheiro movimentado, uma parte muito pequena é com o torcedor.
No Brasil há um hiato entre o interesse que o brasileiro tem por futebol e a relação com seus clubes.
Todos amam os exemplos de clubes como Barcelona e Real Madrid, que são entidades realmente representativas e muito importantes para suas comunidades. São relevantes economicamente, mas muito mais em termos de identidade com seus torcedores. E isso somente ocorreu por um amplo relacionamento de décadas com eles.
Para os clubes europeus, além dos títulos e performance em campo há uma outra conexão com sua torcida, especialmente os sócios. Os times faturam muito com os torcedores e devolvem muito além de um time dos sonhos. A ideia é proporcionar um acolhimento, uma sensação de pertencimento.
Nos EUA, o faturamento com as arenas e estádios movimentam mais de US$ 32 bilhões por ano. É muito superior aos ganhos dos times e ligas com direitos de TV, patrocínios e licenciamentos.
Os clubes brasileiros não oferecerem praticamente nada de relevante para o torcedor além das partidas. Cada time, individualmente, poderia construir uma nova realidade. E essa conexão com o torcedor produzirá muito mais ganhos com patrocinadores, presença nos jogos, consumo de produtos e audiências nas mais variadas mídias.
Para que tudo isso seja construído leva tempo, consome recursos e deve sobrevier a diferentes presidentes. Esse é o único caminho para os clubes oferecerem concretamente aos seus torcedores a possibilidade de expressarem sua paixão.
É possível criar em torno das marcas de cada um dos clubes brasileiros uma expressão de suas identidades, com ou sem títulos.
Fonte: Marketing e Economia da Bola (Uol)
Veja mais notícias do Atlético-GO, acompanhe os jogos, resultados e classificação além da história e títulos do Atlético Clube Goianiense.