Por: Pedro Pacheco
Antes de mais nada gostaria de deixar claro que este é um texto que te convida a reflexão, não um texto crítico apenas. Pensemos por alguns minutos sobre nossa paixão e sobre o esporte que tanto amamos.
Recentemente foi divulgado que o Dragão terá um novo fornecedor de material esportivo, apesar de ser do mesmo grupo da fornecedora antiga, a Numer vem com uma proposta diferente. Ao contrário do que muitos acreditam, imagino que não trocamos seis por meia dúzia, aparentemente, a marca nova tem grandes ambições. Provavelmente seja uma tentativa do grupo de chegar ao mercado internacional, sendo assim, acredito que estamos diante de grandes oportunidades e espero que seja uma parceria de sucesso.
Como foi amplamente divulgado pelas redes sociais do Rubro Negro, haverá uma grande festa de apresentação dos uniformes com direito a boate e presença de panicat. Entendo a necessidade de uma festa, também entendo o porquê de ser uma festa de gala, afinal, estamos começando uma nova parceria e é sempre bom ter holofotes voltados para o clube. Mas no meio de tudo isso, enxergo um problema.
Se você tem o costume de ir ao estádio assim como eu, sabe que nossa torcida apesar de pequena é muito fiel. Na maioria dos jogos temos os mil e poucos guerreiros que sempre estarão lá, independente do resultado ou do desempenho. O mais incrível disto, é que são sempre os mesmos rostos, as mesmas vozes e a mesma disposição de estar ali num estádio que não é nossa casa e que não nos oferece o mínimo de conforto.
O preço do ingresso é R$ 180,00. Compreendo que é um valor razoável contando que teremos uma festa em um bom espaço e levaremos o novo terceiro uniforme para casa, com certeza, pensando nos custos do evento, é um valor aceitável e acredito que alguns comparecerão. Porém pensando por outro lado, vejo que muitos atleticanos fiéis não tem condições financeiras de ir ao evento. Afinal, R$ 180,00 é um quarto de salário mínimo.
Vivemos um momento em que o futebol se torna cada vez mais elitizado. E isso já gera problemas até mesmo para os grandes clubes. Temos movimentos de torcedores que estão protestando contra as federações, contra os preços abusivos dos ingressos e além disso, temos um fenômeno curioso, mesmo com as arenas e os grandes eventos, o torcedor se afasta cada vez mais dos estádios brasileiros. E como todos sabem o atleticano e o Atlético sofre com isso todos os dias.
É só abrir qualquer rede social atleticana que vemos reclamações sobre o afastamento da torcida. E isso é um grande desafio para a nova equipe de marketing do Dragão. Vejo boas intenções em promover um evento como este, e vejo também uma diretoria de marketing empenhada em fazer algo pela torcida, mas temos que escutar a voz da arquibancada.
O atleticano pede, suplica, implora para voltar a jogar na Campininha, lá é nossa casa. Não somos um clube de grandes conquistas internacionais e nem um clube com torcida de massa, somos um clube tradicional e bairrista. Nossa torcida é popular e humilde, aí é que esta nossa identidade e a beleza do nosso clube, nosso maior patrimônio é o Accioly e nossa torcida que apesar de pequena é fiel e apaixonada. O clube precisa se aproximar da torcida.
Talvez um evento caro e luxuoso seja bom para imprensa, mas um evento humilde, popular e próximo da torcida seria um pontapé para esta aproximação que tanto necessitamos. Imaginem amigos atleticanos, um amistoso num sábado à tarde no Accioly. Talvez um sorteio das novas camisas, os próprios jogadores apresentando o uniforme, um evento cultural como um show no nosso estádio, ídolos do clube e no meio disso tudo a apresentação da nova marca. Que cobrem R$ 20,00, garanto que um público de 2.000 pessoas seria o mínimo que conseguiríamos, e a renda de R$ 40.000 pagaria o evento e ainda arrecadaríamos renda para nossa tão sonhada reforma. No evento a Numer poderia montar um stand com materiais da marca, garanto que venderia algumas camisas. A diretoria poderia vender alguns objetos como canecas, chinelo, chaveiro… E quem não tem condições de levar a camisa, leva algum objeto desses, quem sabe até um presente.
Afinal, o futebol é um esporte popular, a paixão está em torcer, em ir ao estádio, em fazer amigos, em tratar desconhecidos como irmãos na hora da alegria…
O futebol une pessoas, por favor, não elitizem o Dragão.

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